"DEUS NÃO ESTÁ MORTO"
Desafio para um Cristianismo Autêntico

por Zakeu A. Zengo, Editora Criação: 1988, 204 pp.

Resenha

O livro analisa a maneira como o chamado "fenômeno religioso contemporâneo" corropompeu a verdadeira piedade cristã, ao empurrar inconscientemente os crentes a acreditarem num Deus da fantasia humana que pouco ou nada tem a ver com o Deus revelado pelas escrituras. De acordo com o autor esta nova situação religiosa deve ser encarada como uma nova e estranha forma de "ateísmo" e de indiferença religiosa, porque, à diferença do que aconteceu na época do chamado ateísmo clássico, a nossa civilização descobriu que qualquer forma de realização existencial neste mundo é impossível sem Deus: "O novo mundo sagrado pela ciência desperta do sonho de todas as utopias e descobre-se no meio do pesadelo da pobreza, das guerras devastadoras, do capitalismo selvagem, das tiranias do século XX, da fome, da miséria e do desencanto universal. Em meio a essa realidade, a humanidade desperta da incredulidade religiosa clássica para, em desespero e desilusão, clamar: só Deus pode dar um jeito!".

Para o autor tudo isto pode ser constatado a partir de pelo menos dois fatos: 1) nos contextos sofridos como os países do chamado terceiro mundo a piedade religiosa, inclusive a fé cristã, é dirigida à uma espécie de reavivamento religioso que pôs no seu centro a busca por um Deus "útil", que está à serviço do homem em sua busca por uma vida melhor, livre das angústias e das tribulações impostas pelo sofrimento no mundo. Saúde, prosperidade, alívio emotional, exorcismo dos maus agouros, segurança profissional, etc., se tornaram as evidências e provas mais autênticas da conversão religiosa. 2) Já entre aquelas pessoas materialmente satisfeitas, especialmente nos países chamados de desenvolvidos, a única piedade religiosa ainda restante é direcionada a pelo menos duas dimensões religiosas distintas: um estilo de vida religiosa seguido por razões de cultura e tradição, para uns, e uma aberta reverência à sabedoria antiga dos mestres/gurus orientais e às suas religiões. Aqueles cuja fé ainda acredita em coisas como monoteísmo, criacionismo, inferno, céu, vida eterna, demônios, Espírito Santo... seguem a religiosidade cristã histórica do ocidente, vivendo como cristãos práticos e frequentadores de igrejas. E isto nem sempre quer dizer que sejam crentes por convição e experiência. Já aqueles cuja fé está voltada para coisas como a sacralidade da Natureza e dos seres humanos, a constituição espiritual do ser e da vida, os fênomenos extra-terrestres, etc., substituiram a fé em Deus único para outras coisas como a deusa-mãe Terra (Ecologia), a iluminação interior, a bio-energização espiritual, a Reencarnação...

O autor salienta, em conclusão, que não há dúvida de que nossa civilização seja a civilização de Deus: "a realidade contemporânea mostra, sem grandes dificuldades, que não obstante seu caráter mais refinado, a ciência está cedendo à fé, muito em particular a fé cristã, uma posição justa e merecida para intervir com legitimidade sobre as questões mais candentes da existência. Nossa época não está mais em condições de acreditar em elaborações racionais divergentes dessa evidência geral. Deus não é só presença sentida e vivida na experiência quotidiana de cada homem, [...] mas é, por si só, uma certeza que confirma o fracasso da razão que endeusou o homem, tornando-o senhor da sua própria sorte e destino". Deus triunfou sobre todas as glórias dos deuses da Razão, da Ciência e da Secularização modernas. No entanto, observa atentamente o autor, o Deus das fés, das seitas e das religiões deste tempo está longe de ser o Deus que a Bíblia revela. Até "o fanatismo representado pela prática religiosa de certas tendências cristãs nas nossas sofridas sociedades não passaria, ao sabor dos que viveram a era dos grandes avivamentos, de um tremendo embuste religioso". Não obstante, é em nome da atual busca aparente pelo Deus Todo Poderoso e Todo Misericordioso que o homem e a mulher dos nossos dias perdeu o contacto com o Deus das Escrituras. Descobrir este Deus constitui o que o autror chama de "desafio para um cristianismo autêntico".

O livro constitui um verdadeiro itinerário pelos trilhos da filosofia, da sociologia, da teologia, da antropologia e da história recente da religião e das seitas no ocidente, pondo a descoberto a verdadeira face de um novo e grande problema que ameaça varrer de muitos corações o verdadeiro significado da vida e de Deus.

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Editor:

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Autor:

Zakeu António Zengo
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